Adoniran Barbosa e Elis Regina |
A Melanie me repassou por e-mail e ao chegar em casa abri um vídeo com Adoniran e Elis cantando num boteco do Bexiga. Ano de 1978. Andava pelas ruas do exílio, indiferente ao que se passava por aqui. Mera defesa para não ser tomado de saudades e começar a escutar os cantos dos pássaros que aqui gorjeiam mais do que os que lá gorjeiam. É preciso antes de tudo sobreviver, sempre foi um lema em minha vida.
Enxugadas as lágrimas, a razão se impôs e ouvindo Iracema garrei a imaginar o caminho que andamos desde então. É impossível não reconhecer os avanços que conquistamos, embora não do jeito que sonhávamos. O carnaval da vitória nunca aconteceu e as mudanças são bem mais lentas do que queríamos. Mas não será exatamente este o interesse da vida? As surpresas, o inesperado, as trilhas sinuosas e criativas valem muito mais do que o controle extremo, o monolitismo.
A democracia domesticada em que vivemos não basta, temos que aprofundá-la, radicalizá-la, mas é nosso ponto de partida. Domingo temos mais um passo a dar. Vamos pensar bem, definir quem deve ser batido. O carreirista, o direitista, o oportunista, o conformista, o racista, o sexista e tudo que representa discriminação, exploração, atraso e volta ao passado. Àqueles tempos de ditadura, preconceito, repressão, tortura e morte.
Ainda bem que Adoniran, Elis e dezenas de músicos, povoaram nossas almas e nos deram forças para sobreviver durante a ditadura. Esses músicos de ontem nos lembram como deveríamos tratar nossos músicos de hoje. Tem hora que só nos restam eles. O Véio, o Pedro Quental...
E ainda bem que nesses dias cheios de tarefas, na correria da campanha em reta final, o Beba mandou essa lista de músicas.
Valeu, Beba.
Carlos Eugênio Clemente – 4019
Combatente da Guerra e da Paz
Com alma de músico
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