Foto - AFP Photo
Que belos exemplos nos dão nossos irmãos argentinos!
Foram para a Copa do Mundo da África do Sul jogando como argentinos, pra frente, comandados por um gênio do futebol que sempre jogou bonito. Perderam para um time alemão organizado, também cheio de talentos e que soube explorar seu ponto fraco, a defesa. Num outro dia, poderiam ter ganhado, e também de goleada, bastaria ser dia de Messi.
Viveram uma cruel ditadura que assassinou, estuprou, torturou e desapareceu dezenas de milhares de seus filhos. Até uma guerra contra a Inglaterra eles arranjaram para tornar ainda maior o sofrimento desse povo. Passaram por uma redemocratização difícil, plena de percalços e de acordos complicados. Hoje os criminosos ou estão atrás das grades ou respondem nas barras dos tribunais pelos crimes contra o povo. Mais importante, os arquivos estão sendo abertos e finalmente a nação argentina pode saber claramente o que houve naqueles tempos, e quem são os verdadeiros heróis da pátria.
Ontem à noite, uma multidão de argentinos esperou nas ruas a votação do casamento gay. Ouvi muitos comentários na grande imprensa brasileira, na televisão, nos sites conservadores, duvidando de nossa vitória. Sim, companheiros, vencemos. A vitória dos argentinos é nossa também. Somos latino-americanos e nos orgulhamos da aprovação do casamento gay depois de uma discussão no senado que durou nada menos que quatorze horas.
Ao despertar e conferir o resultado, lembrei-me de uma dança em casa de Lúcia, lá em Bagneux. Das lágrimas e da cumplicidade. E sorri feliz, ao perceber o salto que esse povo admirável deu ontem à noite em direção à tolerância, portanto à fraternidade.
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