terça-feira, julho 13

Paulo Moura morre aos 77 anos


foto - Internet

E gente como Paulo Moura morre? Claro, o corpo se vai, o movimento se extingue, a voz se cala, a chama do olhar se apaga. Mas e isso quer dizer que ele morreu? O ser mortal, sim. O artista Paulo Moura é imortal, está em nossa História musical e permanece em nossa memória.

Quando voltei do exílio, nos anos 80 do século passado (é isso mesmo, dois anos depois da Lei de Anistia), Paulo Moura animava uma gafieira no Parque Lage num dos dias da semana. Nessa época de meu retorno ao Brasil, era difícil eu me alegrar. Passava numa esquina e ali tinha sido preso um companheiro. Cruzava uma rua, e nela alguém caíra crivado de balas. Outra companheira tinha sido emboscada num dos parques da cidade... Então chegava o dia da gafieira, eu me arrumava, pegava o circular São Salvador – Leblon via Jóquei e ia ser feliz.

O curioso é que quase não dançava, ficava num canto sorvendo a música de Paulo Moura. E que isso não sirva de propaganda negativa, pois o salão tremia de tanta gente que dançava. Era saudade minha. Saudade dos tempos da Estudantina, dos sonhos adolescentes quando ainda podiam se tornar realidade. Saudade de Pixinguinha e de Cartola. Como agora sinto saudade de Paulo Moura. Vou lá botar Carinhoso na vitrola.

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