sábado, setembro 25

Agora foi o Véio

Felipe Cambraia, o Véio


Depois da conversa com o Pedrão, agora foi o Véio Cambraia.




Felipe Cambraia chegou à minha escola de música pelas mãos de um professor. Olho vivo, sorriso maroto, amigável, um senso rítmico invejável e uma percepção dos sons fora do comum. Estava naquela idade em que se mergulha na profissão ou se torna um amador de qualidade engravatado em algum escritório para ganhar a vida. Pra quem tem alma de músico como Cambraia seria desastroso. Tocava Rock n’A Bruxa, estudava o instrumento e solfejo e teoria musical numa universidade particular. Trazia uma baita alegria com ele e todos formavam a roda para ouvi-lo contar histórias engraçadas em meio aos risos barulhentos e gestos irrequietos.



Eu precisava de alguém para abrir a escola todos os dias às 08h00min da manhã e contratei o Véio. Alguns me chamaram de louco por confiar num jovem falador, agitado e ainda por cima músico. E roqueiro! Pois o Véio saía pra tocar, quando o show acabava ia pra gandaia, virava a noite, mas às 08h00min em ponto abria a escola. Com a maior cara de sono e um inabalável humor. Nunca falhou. Como não falha na hora de segurar o ritmo, destrinchar um caminho harmônico ou dialogar com os outros instrumentos. Como não falha quando pensa sobre sua profissão e seu futuro. Leiam o que ele me escreveu depois que leu minha conversa com o Pedro Quental.



Com a palavra Felipe Cambraia. Músico, baixista, primeiro aluno, depois colega e sempre amigo.





“É isso aí Dom! Vamos lutar pelo que é justo!



Trabalhamos levando alegria e diversão para todos aqueles que estão com seus corações e ouvidos abertos para apreciar esse elemento fundamental em nossas vidas, a música.



Nós, músicos, tocamos a nossa vida com muita dedicação e amor, e o nosso futuro? Nós não temos carteira assinada, não temos fundo de garantia, não temos férias remuneradas, enfim, direitos de qualquer trabalhador. Não temos esses direitos básicos!



Fiz um plano de aposentadoria, é um plano direcionado a músicos e atores, uma luz para o nosso futuro, veja bem, uma luz. Sinto falta de mais opções desse tipo. Esse é o único plano que conheço destinado única e exclusivamente à nossa classe.



A Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) é uma instituição que não nos representa em absolutamente nada e ainda somos forçados a pagar uma anuidade para podermos trabalhar. Pra onde vai e aonde é usado o dinheiro que milhares de músicos pagam todo ano em todo território nacional para a OMB?



O sindicato dos músicos também não oferece nada além de alguns descontos em cursos e pequenos "agrados" que não justificam a anuidade que pagamos.



Dom, precisamos muito de pessoas como você para lutar e nos representar dentro de um universo de contraste entre arte, amor e alegria com descaso, falcatruas e desrespeito.



A luta nunca acaba!



Forte Abraço!”





Carlos Eugênio Clemente – 4019

Combatente da Guerra e da Paz

Com alma de músico

Nenhum comentário:

Arquivo do blog